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Um último texto

Fui acusado

Perdi minha inocência

Sem ela, não vejo mais o mundo como um piá

Tudo ficou pesado

Tudo que me fazia sentir vivo desapareceu ou me deixou

E se piá mais não sou, motivos não há pra que esse blog siga sendo alimentado

Curto e desconexo, como boa parte de tudo que está escrito aqui:

Esse é o meu adeus

Viver é bom, né?

 "A vida é boa, vocês que complicam"
A bio da Bada sempre me deixa pensativo. Em geral, ela tá certa, e, olhando pra trás agora, eu vejo que eu tive uma vida muito boa. Não só considerando os privilégios, mas também as experiências únicas que a vida me trouxe. Lugares, pessoas, aprendizados. Tive muita coisa pela qual ficar grato. Mas, como sempre, eu escrevo quando não tô bem, e não estar bem me deixa pensativo, contemplativo. Olhar pra trás e ver quanta coisa eu já fiz, quanta coisa por que estar grato, é interessante. Mas, não julguem como ingratidão quando eu digo que não é suficiente. Eu não tô vivendo no passado. Tô vivendo aqui, agora, e (muito mais do que eu gostaria de admitir) no futuro também. Temos muitas ocupações, e muitas pré-ocupações. E não ajuda estar numa cruzada de tentativa de autoconhecimento que já dura anos. Não se conhecer implica em não saber lidar, não saber o que fazer com certas coisas. Ir se conhecendo implica em odiar certas descobertas, e se frustrar com constantes tentativas de mudança, com falhas frequentes, com recaídas e reprovações. Enfim, não sei muito como continuar, mas a verdade é que a vida é boa, mas o overall não importa no momento singular. Só conseguimos aguentar até um certo ponto, em quantidade/intensidade das coisas. Só toleramos as pressões, externas e internas, até certo ponto. Só aceitamos falhar naquilo que/com que amamos até uma determinada quantidade. E esse ponto, essa quantidade, a gente desconhece. Mover ele cada vez mais adiante é resiliência, mas mesmo a resiliência tem limites, principalmente quando não nos conhecemos, quando não temos um propósito bem definido pra que estejamos vivos.
Aconteça o que acontecer, não se surpreendam. A vida segue boa. A gente que complica.

Voltas, armaduras, espaços

 Alguns anos se passaram desde que eu voltei do Rio, mas as sequelas e traumas seguem comigo. Não me entendam mal: é claro que tive momentos maravilhosos e fiz amigos que levo pra vida. Porém, a experiência como um todo, de solidão, de hostilidade, de "ter que correr atrás do sonho", tudo me fez cada vez mais isolado de mim mesmo, mais entorpecido, levando camada após camada de armaduras contra qualquer coisa que pudesse me fazer mal. Afinal, era eu contra o mundo. Um mundo que te engole sem nem fazer esforço, se deixar.

Eu precisava ser forte e jamais deixar as coisas ruins me abalar. Se eu não fizesse por mim, quem ia fazer? Me tornei duro, maquinado. Desaprendi a sentir.

Quando voltei, um alívio tomou conta de mim. Me surpreendi quando, em uma tarde de trabalho perfeitamente habitual, tive um medo paralisante. Não fazia sentido, afinal de contas. Segui meu turno, fui pra faculdade. Máquina. O medo só aumentou. Comecei a ter medo de cometer um ato contra mim. Busquei ajuda médica, fui medicado. Na semana seguinte, o médico diz: "isso foi uma crise de pânico. Caso tu não saiba, é uma consequência de uma depressão não tratada".

Estranhei.

"mas eu nunca sinto nada de ruim!"

"exatamente por isso"


Anos se passaram. Dezenas de consultas médicas. Centenas de comprimidos. Quando estável, achei melhor parar. Tive recaídas, mas Mada que exigisse a volta do tratamento psiquiátrico. Dezenas de consultas com meu psicólogo, também. Aprendizado muito lento.

"tu deveria trocar de psicólogo, não tá funcionando", ouvi. Desmenti: "funciona, mas atuando em problemas tão profundos que tu nem sabia que eu tinha"


Tenho aprendido a sentir as coisas. A nomear, a reconhecer gatilhos e motivos. Fiz avanços dos quais me orgulho. Talvez não o suficiente pra que meus diálogos internos voltem a se tornar os textos que vocês leem aqui (quem ainda lê, pelo menos).

Hoje escrevo pra lembrar, pra marcar e registrar mais uma vez:

Sentir dói. É pesado. Mas eu preciso sentir.

Eu ainda me vejo sozinho, preciso lembrar de me permitir pedir ajuda.

Mesmo me vendo sozinho, sei que aqui não sou eu contra o mundo. Não preciso ficar de guarda alta. Não devo "ser forte" acima de tudo (nem preciso do vazio que isso me traz).

Se aqui o mundo não tá contra mim, posso achar meu espaço. O mesmo espaço que tantas e tantas vezes procurei e não achei. Como nesse exato momento não acho. Na infância era o espaço emocional e social. No Rio, também o físico. Hoje, rebusco espaços que já ocupei (mas que minha ausência fez muito por me apagar). Alguns, jamais voltam (saudades, mãe).


Enfim, tenho muita coisa pela frente. Tô mal e mal engatinhando, e muito do que eu queria dizer aqui, não disse. Talvez por não saber dizer. Talvez por não saber sentir. Pode ainda ser o medo, que é uma constante. Mas escrevi, e mesmo não gostando do que escrevi, é um começo. Talvez uma retomada. Talvez um espaço reconquistado (ou em processo). Importa que escrevi.

On trust / Da confiança

 🇧🇷 Versão em português mais abaixo! 🇧🇷

Hi, everyone! Hope you're all well in this unprecedent time.
Today I was asked by the incredible Michael Landers about some specifics of how does trust builds with me. This is not a simple question, even though we do it daily without noticing it. So, as many of you may know, I'm a very, very logic person. I don't usually feel or think the same way most people do, and there are suspicions about me being on the autistic spectrum (mostly Aperger's). That said, you may wonder how many times I had to think how to behave. How many times I observed, how many times I tried, how many times I failed. During this journey, I came up with a "framework" on how to deal with trust, and, as it might be useful for someone, even if only to provoke some thoughts, here it goes:

Taking the first step


As most people have noticed, trust is a two-way relationship, and, as in every two-way relationship, there is the dilemma of starting it. It is the same dilemma of wanting to start working, but every job description asks for experience. So, what works for me is: if I want to build trust, I start building it. I take the first steps, and I start to open myself first. This way, not only other people will feel more welcome (at least usually), but I also express my intention, and this, alone, would be enough for a quick start. It can be as simple as sharing some information. Even small talk would do, in some cultures. Just start it yourself, and things will follow.

Expect the best, be prepared for the worst


This is kind of my moto, and it applies very well here. Most people are good, or, at least, want good things happening. Giving people some credit from the beginning is great way to quickly build trust. Of course, it may fail sometimes, but it takes us to the next point:

What are the real risks on trusting someone? And what are the benefits?


You can be one of these people afraid of trusting others. You might be scared of betrayal or have some strong opinions on people and reliability. That's OK, there's no right or wrong here, but risk assessment is a must. What bad can trusting someone do to you? And what good will it bring? Most of the time, the balance is positive, because trust enables connection, and connection brings not only productivity, ease of mind, etc., about who are we with. It also brings us joy. It can bring us purpose. It mostly does worth it, and something that helps balancing it is...

Trusting is not a "whole package"


It's perfectly fine to trust people for some things, but not others. The more you know people, the more you observe their behavior, the best you'll know not only who to trust, but better on what to trust. I have friends I wouldn't work with. Some of them I wouldn't lend money. That's OK, we are still great friends, and we support each other. Also, I know some people won't trust me for some things, and I'm cool with that. No one will be a hundred percent trustable to you (and if someone tries to be, I personally recommend you to be suspicious, because it most probably unveils either into deception or a toxic relationship), and there are many aspects of our life for people to be trusted (like money, relationships, work, reliability, etc.).

Self-consciousness helps


It really does. Not only knowing your strengths and flaws help you to assess on what you can be trustable, it also brings you insights on what you do expect from people, and what works with you when building trust. Knowing this is an eye-opener, I might say. It enables you to clearly communicate what you value, what are your expectations, while also enabling self-regulation of expectations (or, at least, knowing when you're expecting too much). I can share that there are times I'm not really reliable for doing some tasks on time, and I have a myriad of reasons to be this way, and so, I don't expect people to always be reliable and to fit their schedules and put their efforts on tasks that are not truly theirs. If it happens to me, I might be disappointed, but I won't take it personally, because everyone has its reasons. The same might be true for you, but you may also be the person that expects full commitment and feel betrayed if someone fails to deliver something promised. Knowing your triggers and expectations help you manage yourself. Communicating it enables more profound trust.

Communication is a thing, big time


The last positive effect I want to bring about trust is really important for me: being open avoids misinterpretation. It really hurts when someone thinks I'm doing something to hurt, or that I have a bad intention. Communicating in an open way builds the trust and the knowing I won't do anything to harm or to hurt. Being open shows I'm not evil, and it helps even for people I didn't have had contact with, but observed my actions, to see it.


If you read that far, it means you at least trust my capacity to thinking, and it's OK to disagree and discuss in the comments if you want. I hope it brings you some good!
Also, huge thanks for the SAP Academy for Engineering for giving me this opportunity to rethink and grow.


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Oi, pessoal! Como estão nesses novos tempos? Espero que bem!
Hoje eu fui questionado pelo incrível Michael Landers sobre como eu construo confiança nas pessoas. Não é uma questão simples, mesmo que a gente o faça todo dia, sem nem perceber. E, como muitos de vocês sabem, eu sou uma pessoa muito, muito lógica. Eu normalmente não sinto ou penso da mesma maneira que as outras pessoas, e há suspeitas de que eu esteja no espectro autista (provavelmente Síndrome de Asperger). Dito isso, vocês podem imaginar quantas vezes eu precisei pensar em como me comportar e responder às situações. Quantas vezes eu observei, quantas vezes eu tentei, quantas vezes eu falhei. Nessa jornada, eu inventei um "framework" pra lidar com a confiança, e, como isso pode ser útil pra alguém, mesmo que seja só pra provocar pensamentos, aqui vai:

O primeiro passo


Como a maioria já deve ter percebido, confiança é uma via de mão dupla, e, como em toda via de mão dupla, existe o dilema de como começar. É um dilema semelhante ao da pessoa querendo começar a trabalhar: pra adquirir experiência, é preciso trabalhar, mas as vagas de trabalho exigem experiência. Então, o que funciona pra mim é: se eu quero construir uma relação de confiança, eu mesmo começo construindo. Eu dou os primeiros passos, e eu começo me abrindo primeiro. Desse modo, não só a outra pessoa vai se sentir mais bem-vinda (pelo menos na maioria das vezes), como eu também tenho a oportunidade de expressar minha intenção, e isso, por si só, já seria suficiente pra desencadear um início rápido. Pode ser um gesto simples como compartilhar uma informação. Até "conversinhas de elevador" funcionam, em algumas culturas. Apenas comece você mesmo, e as coisas se desenrolam.

Espere o melhor, mas esteja preparado para o pior


Esse é praticamente o meu lema, e se aplica muito bem aqui. A maior parte das pessoas é boa, ou, pelo menos, quer coisas boas acontecendo. Dar crédito desde o princípio é uma boa maneira de construir confiança rapidamente. É óbvio que isso vai falhar algumas vezes, o que nos leva ao próximo ponto:

Quais são os riscos reais ao confiar em alguém? E quais são os benefícios?


Você pode ser uma dessas pessoas com medo de confiar nos outros. Pode estar aterrorizado sobre ser traído, ou ter opiniões fortes sobre pessoas e dependabilidade. Tudo bem, não há certo ou errado aqui, mas é necessário avaliar os riscos. Que mal pode fazer confiar em alguém? E que vantagens isso pode trazer? Na maior parte das vezes, o saldo é positivo, porque confiança permite que haja conexão, e conexão traz não somente produtividade, tranquilidade, etc., sobre com quem estamos lidando. Também nos traz alegria. Pode nos trazer propósito. Quase sempre vale a pena, e uma coisa que ajuda a mitigar os riscos é que...

Confiança não é um "pacote completo"


É perfeitamente aceitável confiar nas pessoas pra algumas coisas, mas não pra outras. Quanto mais conhecemos as pessoas, quanto mais observamos seu comportamento, melhor sabemos não só em quem confiar, mas melhor em quê confiar. Por exemplo, tenho amigos com quem eu não trabalharia. Alguns deles eu não emprestaria dinheiro. Tudo bem, ainda somos grandes amigos, e apoiamos um ao outro. Além disso, sei que pessoas não confiariam em mim pra algumas coisas, e me mantenho tranquilo com isso. Ninguém vai ser 100% confiável (e se alguém tentar, eu recomendaria que mantenha os olhos bem abertos, porque isso provavelmente vai se tornar ou uma enganação, ou um relacionamento abusivo), e há muitos aspectos da vida nos quais as pessoas podem ou não ser confiáveis (como dinheiro, relacionamentos, trabalho, dependabilidade, etc.).

Autoconhecimento ajuda


Realmente ajuda. Não só saber seus pontos fortes e suas falhas te ajuda a perceber em que você pode ser confiável, como também traz a visão daquilo que você espera das pessoas, e do que funciona pra que construa confiança em alguém. Saber essas coisas te abre os olhos. Isso te permite comunicar claramente o que você valoriza, quais são suas expectativas, além de também permitir que autorregule as expectativas (ou, pelo menos, saber quando está esperando demais).  Posso compartilhar que há fases em que eu não sou muito confiável para fazer alguns tipos de tarefas no tempo previsto, e eu tenho muitos motivos pra ser assim. Por isso, não espero que as pessoas sejam sempre dependíveis, nem que sempre possam doar seu tempo e esforço pra tarefas que não são verdadeiramente delas. Se isso acontece comigo, eu posso até ficar desapontado uma vez ou outras, mas jamais levaria pro lado pessoal, porque todos têm seus motivos. Você pode pensar o mesmo, ou até ser o tipo de gente que espera compromisso total e se sente traído se alguém falha em entregar algo conforme prometido. Entender seus próprios mecanismos e expectativas ajuda a coordenar a si mesmo. Comunicá-los permite construir uma confiança mais profunda.

Comunicação é mesmo muito importante


A última coisa que eu quero trazer sobre confiança conta muito pra mim: ser aberto evita má interpretação. Eu fico realmente magoado quando alguém me leva a mal, pensa que estou fazendo algo pra machucar, ou que tenho más intenções. Me comunicar abertamente ajuda a criar a confiança e a certeza de que eu não vou fazer nada com a intenção de ferir. Ser aberto mostra quem eu sou, mostra que eu não sou mau, inclusive para pessoas com quem eu tive pouco ou nenhum contato direto, mas que observaram como eu ajo.


Se leu até aqui, significa que confia ao menos na minha capacidade de raciocínio, e é OK discordar e discutir nos comentários, se quiser. Espero que te traga algo de bom!
Por fim, meu muito obrigado pra SAP Academy for Engineering, por me dar essa oportunidade de pensar sobre tudo isso novamente e crescer com isso.

Blackbird

Tenho andado longe.
Não, não é música do Cartolas, muito embora Preto e Branco seja a música que mais se aproxima da minha vida hoje.
A verdade é que, inconsciente mas desejosamente, me isolei.
Me isolei até de gente bem próxima, reconheço.
Sinto falta de várias dessas pessoas, inclusive.
Entretanto, tenho vivido mais feliz nesse isolamento.
Os últimos dias têm sido de eu com a minha vida, eu fazendo o que quero e/ou preciso fazer.
Os últimos dias têm sido mais meus.
Tenho dado menos explicações (o que chateia algumas pessoas, eu sei, perdão por isso).
Tenho estado mais leve.
Tenho gastado menos, mesmo saindo mais.
Tenho vivido mais, mesmo que só.
Tenho aproveitado a minha companhia, como não aproveitava desde a infância.
Tenho me conhecido e, me conhecendo, apreciado ser quem sou.
Meus valores estão cada vez mais claros.
Cada vez mais me anojo com a humanidade.
Temos um potencial infinito de criar o bem e espalhar o amor (e, reconheço, muitos o fazem).
Vivemos, entretanto, num mundo em que imperam o dinheiro, o poder, as convenções sociais.
Isso não cabe mais na minha concepção de mundo.
Dinheiro foi uma invenção boa, útil, quando não era um deus.
Hoje, quase tudo que fazemos é pelo dinheiro.
O poder é outra coisa angustiante.
Milhões de pessoas são mantidas emburrecidas, miseráveis, sem saúde nem grandes condições de melhoria.
Que grande surpresa seria inverter as relações de poder, não?
Por fim, convenções sociais.
Não aceito mais ninguém me dizendo o que é ou não aceitável fazer.
Tenho fortes discussões com quem me diz o que pensa baseado em seus valores, desde que esses tenham a visão de que são os seus valores, não os meus.
Isso me estimula, inclusive.
Mas não aceito muito mais julgamentos.
Deixo que digam, que pensem, que falem.
Sigo fazendo da minha forma.
E vou seguir do mesmo jeito, enquanto o aprendizado não muda meus jeitos.
Estou feliz que, aos poucos, definições de gênero, sexualidade e etc estejam caindo por terra.
Da mesma forma, estou extremamente agradado pela crescente (ainda que pequena) aceitação de outras formas de se relacionar.
Vejo amizades coloridas, poliamores, alguns tipos de relação cujo rótulo nem foi inventado (ainda).
É como ver cores pouco usadas entrando, aos poucos, na normalidade do mundo.
Às vezes, é como enxergar novas cores, como aquelas pessoas com o 4º tipo de cones nos olhos.
Aos poucos, me livro do que me pesa.
Aos poucos, me livro do que me prende.
E, quando menos se espera, eu alço voo.
Tomo meu rumo a territórios ainda inexplorados

Fé, Fidelidade, Felicidade

    Tanto fé quanto fidelidade têm a origem do latim "fides", que também se traduz como confiança. Assim sendo, fiel é aquele em quem sua fé pode ser depositada.
    Sabemos o que é fé, e sabemos o que significa depositá-la, mas, o que define a possibilidade de a depositarmos ou não? Creio que isso exija uma clarificação maior do conceito que usamos para a fé, um tanto diferente do original.
    Fé, seja em alguém, seja em uma entidade superior, é, para nós, uma medida de desespero, e também de calma. É confiar parte de nosso bem estar a algo ou alguém, e esperar sinceramente que esse algo ou alguém não nos decepcione, não traia essa confiança.
    Isso nos traz mais conceitos para se pensar. O que nos decepciona é algo muito pessoal, e da mesma forma passa a ser o significado de traição. Sendo assim, tão pessoal, é impossível que a outra pessoa conheça por completo a nossa definição, dado que há diferenças, e, portanto, que haja inteira concordância. Em outras palavras, nunca seremos plenamente atendidos em nossa fé e, portanto, ninguém nunca será realmente fiel, por mais próximo que chegue.
    Por isso, esqueçam os relacionamentos perfeitos, as relações interpessoais de harmonia plena, a imagem ideal de situação social. Sempre haverá frustração e decepção. E não se enraiveçam com a constatação. Não são coisas inteiramente ruins. Nos basta aceitar, analisar e aprender com cada uma delas, para que as chances de frustrarmo-nos e decepcionarmo-nos seja cada vez menor.
   
    Problemas sempre existiram. Sempre existirão, sempre existiram.


    (Sobre felicidade, a raiz "felicis" se traduz como afortunado, lembrando que fortuna não se trata de dinheiro, e sim de bons acontecimentos. A tradução para o nosso conceito de felicidade seria "beatitudinem", cuja palavra derivada na língua portuguesa, beatitude, ironicamente é tida como algo afastado do conceito dado para felicidade)

 P.S.: Conversei sobre o assunto com meu querido amigo Rômulo "Jesus", e ele deixou o questionamento (ainda não respondido) "seria a beatitude palavra análoga a boa atitude?". Muito perspicaz.

"Acidistic", e daquilo que eu nunca disse aos cariocas

You have the brightest set of pencils,
even when my world is all about grayscales and sober tones.

You paint your world. You paint the entire world. Would you put your colors into mine?


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Nunca cheguei a colocar em palavras meu sentimento sobre toda essa história do Rio de Janeiro.
Acho que nem eu sei direito como é.
Sei que sinto saudade de coisas, de pessoas, de sensações que só existem lá.
Ver o sol nascendo no Arpoador parece ter um efeito mágico sobre mim.
Copacabana me fez mudar a maneira de pensar desde a primeira noite em que lá senti os pés na areia.
Mas a vida não é feita só de momentos. A vida é um contínuo, e, por isso, é impossível não lembrar dos maus bocados que por lá passei. Eu precisaria de um motivo muito mais forte se quisesse enfrentar a vida daquele jeito.
Aos cariocas da minha vida: amo vocês ♥ Nunca vou conseguir retribuir tudo o que fizeram por mim. O modo como me receberam. O quanto eu cresci nesses meses. Espero mesmo que venham me visitar, como alguns já fizeram, e espero eu dar uma pausa nos trabalhos pra ir ver como vocês estão.
Alguns começaram namoros, outros terminaram. Alguns começaram a trabalhar, outros resolveram ter uma folga. Sei de gente que tá fazendo sucesso por lá.
Porque a vida é um contínuo, e eu vou continuar vivendo.
 
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Um mundo cru.
Um pouco cruel.
Sem tratamento,
Sem cada nuance,
Sem cada detalhe.
Um mundo cru.

Nada se vê.
Nada se faz.
Nada se sente.
Um mundo cru.

Por que seria?
Digo, por que haveria de ser?
Sabendo que, num mundo cru,
Não poderia haver eu e você?!