"A vida é boa, vocês que complicam"
A bio da Bada sempre me deixa pensativo. Em geral, ela tá certa, e, olhando pra trás agora, eu vejo que eu tive uma vida muito boa. Não só considerando os privilégios, mas também as experiências únicas que a vida me trouxe. Lugares, pessoas, aprendizados. Tive muita coisa pela qual ficar grato. Mas, como sempre, eu escrevo quando não tô bem, e não estar bem me deixa pensativo, contemplativo. Olhar pra trás e ver quanta coisa eu já fiz, quanta coisa por que estar grato, é interessante. Mas, não julguem como ingratidão quando eu digo que não é suficiente. Eu não tô vivendo no passado. Tô vivendo aqui, agora, e (muito mais do que eu gostaria de admitir) no futuro também. Temos muitas ocupações, e muitas pré-ocupações. E não ajuda estar numa cruzada de tentativa de autoconhecimento que já dura anos. Não se conhecer implica em não saber lidar, não saber o que fazer com certas coisas. Ir se conhecendo implica em odiar certas descobertas, e se frustrar com constantes tentativas de mudança, com falhas frequentes, com recaídas e reprovações. Enfim, não sei muito como continuar, mas a verdade é que a vida é boa, mas o overall não importa no momento singular. Só conseguimos aguentar até um certo ponto, em quantidade/intensidade das coisas. Só toleramos as pressões, externas e internas, até certo ponto. Só aceitamos falhar naquilo que/com que amamos até uma determinada quantidade. E esse ponto, essa quantidade, a gente desconhece. Mover ele cada vez mais adiante é resiliência, mas mesmo a resiliência tem limites, principalmente quando não nos conhecemos, quando não temos um propósito bem definido pra que estejamos vivos.
Aconteça o que acontecer, não se surpreendam. A vida segue boa. A gente que complica.