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On trust / Da confiança

 🇧🇷 Versão em português mais abaixo! 🇧🇷

Hi, everyone! Hope you're all well in this unprecedent time.
Today I was asked by the incredible Michael Landers about some specifics of how does trust builds with me. This is not a simple question, even though we do it daily without noticing it. So, as many of you may know, I'm a very, very logic person. I don't usually feel or think the same way most people do, and there are suspicions about me being on the autistic spectrum (mostly Aperger's). That said, you may wonder how many times I had to think how to behave. How many times I observed, how many times I tried, how many times I failed. During this journey, I came up with a "framework" on how to deal with trust, and, as it might be useful for someone, even if only to provoke some thoughts, here it goes:

Taking the first step


As most people have noticed, trust is a two-way relationship, and, as in every two-way relationship, there is the dilemma of starting it. It is the same dilemma of wanting to start working, but every job description asks for experience. So, what works for me is: if I want to build trust, I start building it. I take the first steps, and I start to open myself first. This way, not only other people will feel more welcome (at least usually), but I also express my intention, and this, alone, would be enough for a quick start. It can be as simple as sharing some information. Even small talk would do, in some cultures. Just start it yourself, and things will follow.

Expect the best, be prepared for the worst


This is kind of my moto, and it applies very well here. Most people are good, or, at least, want good things happening. Giving people some credit from the beginning is great way to quickly build trust. Of course, it may fail sometimes, but it takes us to the next point:

What are the real risks on trusting someone? And what are the benefits?


You can be one of these people afraid of trusting others. You might be scared of betrayal or have some strong opinions on people and reliability. That's OK, there's no right or wrong here, but risk assessment is a must. What bad can trusting someone do to you? And what good will it bring? Most of the time, the balance is positive, because trust enables connection, and connection brings not only productivity, ease of mind, etc., about who are we with. It also brings us joy. It can bring us purpose. It mostly does worth it, and something that helps balancing it is...

Trusting is not a "whole package"


It's perfectly fine to trust people for some things, but not others. The more you know people, the more you observe their behavior, the best you'll know not only who to trust, but better on what to trust. I have friends I wouldn't work with. Some of them I wouldn't lend money. That's OK, we are still great friends, and we support each other. Also, I know some people won't trust me for some things, and I'm cool with that. No one will be a hundred percent trustable to you (and if someone tries to be, I personally recommend you to be suspicious, because it most probably unveils either into deception or a toxic relationship), and there are many aspects of our life for people to be trusted (like money, relationships, work, reliability, etc.).

Self-consciousness helps


It really does. Not only knowing your strengths and flaws help you to assess on what you can be trustable, it also brings you insights on what you do expect from people, and what works with you when building trust. Knowing this is an eye-opener, I might say. It enables you to clearly communicate what you value, what are your expectations, while also enabling self-regulation of expectations (or, at least, knowing when you're expecting too much). I can share that there are times I'm not really reliable for doing some tasks on time, and I have a myriad of reasons to be this way, and so, I don't expect people to always be reliable and to fit their schedules and put their efforts on tasks that are not truly theirs. If it happens to me, I might be disappointed, but I won't take it personally, because everyone has its reasons. The same might be true for you, but you may also be the person that expects full commitment and feel betrayed if someone fails to deliver something promised. Knowing your triggers and expectations help you manage yourself. Communicating it enables more profound trust.

Communication is a thing, big time


The last positive effect I want to bring about trust is really important for me: being open avoids misinterpretation. It really hurts when someone thinks I'm doing something to hurt, or that I have a bad intention. Communicating in an open way builds the trust and the knowing I won't do anything to harm or to hurt. Being open shows I'm not evil, and it helps even for people I didn't have had contact with, but observed my actions, to see it.


If you read that far, it means you at least trust my capacity to thinking, and it's OK to disagree and discuss in the comments if you want. I hope it brings you some good!
Also, huge thanks for the SAP Academy for Engineering for giving me this opportunity to rethink and grow.


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Oi, pessoal! Como estão nesses novos tempos? Espero que bem!
Hoje eu fui questionado pelo incrível Michael Landers sobre como eu construo confiança nas pessoas. Não é uma questão simples, mesmo que a gente o faça todo dia, sem nem perceber. E, como muitos de vocês sabem, eu sou uma pessoa muito, muito lógica. Eu normalmente não sinto ou penso da mesma maneira que as outras pessoas, e há suspeitas de que eu esteja no espectro autista (provavelmente Síndrome de Asperger). Dito isso, vocês podem imaginar quantas vezes eu precisei pensar em como me comportar e responder às situações. Quantas vezes eu observei, quantas vezes eu tentei, quantas vezes eu falhei. Nessa jornada, eu inventei um "framework" pra lidar com a confiança, e, como isso pode ser útil pra alguém, mesmo que seja só pra provocar pensamentos, aqui vai:

O primeiro passo


Como a maioria já deve ter percebido, confiança é uma via de mão dupla, e, como em toda via de mão dupla, existe o dilema de como começar. É um dilema semelhante ao da pessoa querendo começar a trabalhar: pra adquirir experiência, é preciso trabalhar, mas as vagas de trabalho exigem experiência. Então, o que funciona pra mim é: se eu quero construir uma relação de confiança, eu mesmo começo construindo. Eu dou os primeiros passos, e eu começo me abrindo primeiro. Desse modo, não só a outra pessoa vai se sentir mais bem-vinda (pelo menos na maioria das vezes), como eu também tenho a oportunidade de expressar minha intenção, e isso, por si só, já seria suficiente pra desencadear um início rápido. Pode ser um gesto simples como compartilhar uma informação. Até "conversinhas de elevador" funcionam, em algumas culturas. Apenas comece você mesmo, e as coisas se desenrolam.

Espere o melhor, mas esteja preparado para o pior


Esse é praticamente o meu lema, e se aplica muito bem aqui. A maior parte das pessoas é boa, ou, pelo menos, quer coisas boas acontecendo. Dar crédito desde o princípio é uma boa maneira de construir confiança rapidamente. É óbvio que isso vai falhar algumas vezes, o que nos leva ao próximo ponto:

Quais são os riscos reais ao confiar em alguém? E quais são os benefícios?


Você pode ser uma dessas pessoas com medo de confiar nos outros. Pode estar aterrorizado sobre ser traído, ou ter opiniões fortes sobre pessoas e dependabilidade. Tudo bem, não há certo ou errado aqui, mas é necessário avaliar os riscos. Que mal pode fazer confiar em alguém? E que vantagens isso pode trazer? Na maior parte das vezes, o saldo é positivo, porque confiança permite que haja conexão, e conexão traz não somente produtividade, tranquilidade, etc., sobre com quem estamos lidando. Também nos traz alegria. Pode nos trazer propósito. Quase sempre vale a pena, e uma coisa que ajuda a mitigar os riscos é que...

Confiança não é um "pacote completo"


É perfeitamente aceitável confiar nas pessoas pra algumas coisas, mas não pra outras. Quanto mais conhecemos as pessoas, quanto mais observamos seu comportamento, melhor sabemos não só em quem confiar, mas melhor em quê confiar. Por exemplo, tenho amigos com quem eu não trabalharia. Alguns deles eu não emprestaria dinheiro. Tudo bem, ainda somos grandes amigos, e apoiamos um ao outro. Além disso, sei que pessoas não confiariam em mim pra algumas coisas, e me mantenho tranquilo com isso. Ninguém vai ser 100% confiável (e se alguém tentar, eu recomendaria que mantenha os olhos bem abertos, porque isso provavelmente vai se tornar ou uma enganação, ou um relacionamento abusivo), e há muitos aspectos da vida nos quais as pessoas podem ou não ser confiáveis (como dinheiro, relacionamentos, trabalho, dependabilidade, etc.).

Autoconhecimento ajuda


Realmente ajuda. Não só saber seus pontos fortes e suas falhas te ajuda a perceber em que você pode ser confiável, como também traz a visão daquilo que você espera das pessoas, e do que funciona pra que construa confiança em alguém. Saber essas coisas te abre os olhos. Isso te permite comunicar claramente o que você valoriza, quais são suas expectativas, além de também permitir que autorregule as expectativas (ou, pelo menos, saber quando está esperando demais).  Posso compartilhar que há fases em que eu não sou muito confiável para fazer alguns tipos de tarefas no tempo previsto, e eu tenho muitos motivos pra ser assim. Por isso, não espero que as pessoas sejam sempre dependíveis, nem que sempre possam doar seu tempo e esforço pra tarefas que não são verdadeiramente delas. Se isso acontece comigo, eu posso até ficar desapontado uma vez ou outras, mas jamais levaria pro lado pessoal, porque todos têm seus motivos. Você pode pensar o mesmo, ou até ser o tipo de gente que espera compromisso total e se sente traído se alguém falha em entregar algo conforme prometido. Entender seus próprios mecanismos e expectativas ajuda a coordenar a si mesmo. Comunicá-los permite construir uma confiança mais profunda.

Comunicação é mesmo muito importante


A última coisa que eu quero trazer sobre confiança conta muito pra mim: ser aberto evita má interpretação. Eu fico realmente magoado quando alguém me leva a mal, pensa que estou fazendo algo pra machucar, ou que tenho más intenções. Me comunicar abertamente ajuda a criar a confiança e a certeza de que eu não vou fazer nada com a intenção de ferir. Ser aberto mostra quem eu sou, mostra que eu não sou mau, inclusive para pessoas com quem eu tive pouco ou nenhum contato direto, mas que observaram como eu ajo.


Se leu até aqui, significa que confia ao menos na minha capacidade de raciocínio, e é OK discordar e discutir nos comentários, se quiser. Espero que te traga algo de bom!
Por fim, meu muito obrigado pra SAP Academy for Engineering, por me dar essa oportunidade de pensar sobre tudo isso novamente e crescer com isso.