Do tempo
Contou-nos o
mestre que o tempo não existe; é mera invenção humana, devaneio de uma mente
desesperada por um meio de registrar as mudanças.
Oras, mas, se o
tempo não existe, nada muda de verdade, senão nossas percepções!
Ontem
felicitei-me por completar três meses de namoro. Houve tempos em que disse
“passou tão rápido”, mas também houve quando eu dissesse “parece que faz tanto
tempo”! E essa percepção mudou à medida que me ocupava muito mais com viver
cada instante que passava e muito menos com registrar o tempo.
Percebi, então,
que inventei a mudança. Não inventei fato algum, mas, se o tempo não existe,
não há diferença entre o antes e o agora. As coisas apenas eram e agora são.
E isso,
invariavelmente, me leva a refletir sobre cada instante que vivi até aqui. Cada
aprendizado e cada vivência na Liberato. Porque, disse-nos outra mestra, nosso
tempo aqui agora é curto. E a cada dia finda mais. Percebo o tempo urgindo,
mas, ele não existe; é mero devaneio de minha mente, desesperada por saber que
muito em breve tudo para o que venho me preparando nesses últimos cinco anos há
de se tornar a minha realidade, e eu deixo no tempo passado o momento de
preparação aqui vivido.
Mas engana-se
quem pensa que é o fim. Se invento o tempo e invento, também, a mudança,
atrevo-me a dizer que as mudanças que nós, dessa turma que se vai, deixamos na
Liberato não hão de se apagar. Cada momento, cada riso, cada dificuldade e cada
aprendizado, continuarão a existir no tempo passado da Fundação; Tempo, esse,
inventado em conjunto por todos nós. E, vivendo no tempo inventado por nós,
concluo, com toda a certeza que me cabe, que essas mudanças, esses momentos,
carregaremos conosco, até o fim de nossos dias, gratos por termo-los vivido.
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Texto feito a pedido do orientador educacional do Curso Técnico de Eletrônica da Fundação Liberato, para a ocasião do último conselho de classe participativo da nossa história na escola. Vale a reflexão.