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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Torcida

Mesmo antes de nascer, muita gente já torcia por mim.
Meus pais, avós, tios, primos; Todos torciam pela minha chegada.
Torciam para que eu tivesse uma vida tranquila, para que eu lutasse, vencesse, conquistasse.
Torciam pela minha infância.
Torciam para que eu brincasse, aprendesse, amadurecesse.
Me ensinaram a torcer junto.
Torci por times, por brincadeiras, por brinquedos, por passeios.
Torci por carinho, torci por afeto.
E segui torcendo, agora pela escola:
Torcia por bons colegas, bons professores, boas tarefas.
Torcia para que a professora me deixasse calcular de cabeça, e para que não me fizessem ser igual a todo o mundo.
Mas muitos também torciam contra mim, torciam para que eu fosse sempre um produto midiático.
E eu só torcia para chegar em casa, ler e brincar.
Torcia para que o tempo acelerasse, para que eu tivesse mais idade, para que eu ganhasse mais liberdade.
Depois, torcia por bons feitos e reconhecimento, torcia por boas companhias, torcia para "achar meu canto".
Torci por espaço, torci contra o tempo, torci pelo amor e, confesso, já torci pela guerra.
Hoje, torço para que o amor continue forte, e não só na minha vida.
Torço pelas pessoas que não têm as boas condições que eu tenho. Torço por aquelas que não têm nenhuma.
Torço por bons resultados na escola e no estágio.
Torço por bons contatos, por crescimentos e aprendizados válidos.
Torço pela família despedaçada.
Torço, também, pela minha nova família.
Torço pela liberdade, e não minha, mas daquela a quem eu tanto amo.
Torço por mim, torço por nós, torço por ela.
Torço por ti, e por todo o mundo.
Porque, por mais impossível que seja conquistar tudo, sem torcida, só se conquista o nada.

(Texto feito para a disciplina de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, a pedido da profª Elíria Poersch, baseando-se no texto "Torcida" do Sr. Drummond de Andrade)

E, subitamente, eis que meu cérebro se põe a funcionar!

Eureka!
Acabo de descobrir porque eu sou tão "chorão", tão vítima, tão "coitadinho"!
Não é nada louvável, eu sei. Sempre odiei ser assim, e sempre tentei não ser desse modo. Mas todas as minhas tentativas foram infrutíferas.

É algo que me remete à infância. Talvez até ao nascimento, mas eu não me lembro muito bem disso... É uma falta, uma necessidade que precisa ser suprida, e de algo tão simples, algo que todo e qualquer ser pode ceder e me ajudar:
É a falta de carinho.

Minha mãe não vai gostar de ler isso, mas eu nunca tive uma figura materna na minha vida. Agora, eu tenho, e além de ser minha "mãe", é minha namorada, minha mulher, minha diabinha, aquela que eu amo muito!

Minha mãe sempre reclamou que dava a vida pelos homens da família, que ela deixava de fazer as coisas dela pra fazer as nossas coisas; Mas, eu trocaria qualquer hora que ela perdeu fazendo alguma coisa por mim por um minuto de carinho, um abraço, um beijo na bochecha e um cafuné. *lágrimas jorrando*
Sempre, ela foi um grande exemplo pra mim. Não digo que sempre um bom exemplo, mas sempre um grande exemplo. Eu me espelhava nela pra definir todo o meu comportamento, e sempre observei ela se queixando o tempo todo. Funcionava, sempre, porque ela sempre ganhava a atenção que ela queria.
Mas, como uma criança, eu não preciso de atenção; Preciso de carinho! Mas, como não tinha conceitos diferentes das duas coisas, por mim, tava bom, confortável, daquela forma.
Isso se enraizou, e até hoje eu sou assim (tá, já sei, já falei isso xD), exagerando cada detalhe ruim, e fazendo questão de contar pra todo o mundo quando eu fico mal, pra ver se eu consigo ganhar um pouco de carinho acompanhado da compaixão de alguém.

AGORA CHEGA!

Não quero mais, e nunca quis realmente, ser assim! Agora que sei o motivo, corto o mal pela raiz, e só me aproveito do carinho que eu receber espontaneamente.
Não vou mais ficar como vítima, não vou mais ser um vampiro emocional, simplesmente vou viver, viver mais leve, viver melhor, e ser mais feliz com o carinho sincero, aquele que os outros realmente querem me dar.

Agradecido pela atenção,
O Piá