Brasil e o carrocentrismo atrasado

Brasil e o carrocentrismo atrasado

Vivo em um país essencialmente carrocentrista. Desde os "anos dourados" do governo de Juscelino Kubitschek, praticamente todo o capital destinado para a infraestrutura de transportes é investido em rodovias, viadutos e pontes, ignorando as já existentes ferrovias que cruzam o país. Além disso, impera a cultura de que ter seu meio de transporte próprio e usá-lo individualmente é o melhor a fazer.
Todos os dias vejo, no trânsito da cidade onde vivo, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, engarrafamentos insolúveis, causados parte pela má educação dos motoristas, parte pelo excesso de veículos transitando pelos mesmos espaços nos mesmos horários. Essa quantidade significativa de veículos se dá pelo grande número de incentivos que são dados pelo governo brasileiro para que o povo possa comprar seu carro próprio, o que faz com que a frota cresça rapidamente e não caiba nas rodovias. Se não houvesse tamanho esforço da parte do governo, não haveria, talvez, tamanho crescimento no número de veículos circulando, e seria possível que o trânsito flua livremente.
Outro problema é que a frota, além de numerosa, é atrasada. Segundo dados de agosto de 2010, 40% dos veículos em circulação rodam há mais de dez anos. São veículos mais lentos, poluentes e inseguros. Certamente esse número é alto porque carros antigos são isentos do IPVA. Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior à época da realização do estudo, defendeu a adoção do modelo utilizado no Japão: isentar os veículos novos, cobrando impostos apenas pelos carros antigos, maiores causadores de problemas, segundo suas palavras. Desse modo, deixa de ser mais barato circular com veículos antigos, o que faz com que a frota se renove e garanta, se não a sua diminuição, pelo menos maior segurança e, com isso, maior fluidez.
Através dessas medidas, haveria, sim, melhora na qualidade do transporte rodoviário, tornando possível que o carrocentrismo continue a existir. Assim, não se fazem necessárias mudanças drásticas nem tampouco se desperdiça os investimentos já realizados, permitindo que todo cidadão possa transitar livremente com mais segurança e conforto.

Referência:
JORGE, Miguel. In: BARROS, Guilherme. Ministro defende imposto para carro velho. Disponível em: http://colunistas.ig.com.br/guilhermebarros/2010/08/03/ministro-defende-imposto-para-carro-velho/. Acesso em 11/10/2012.


(Texto feito para a disciplina de História, mas com opinião tamanha que merece estar aqui)

Comentários

  1. O problema não é o IPVA, mas sim o preço dos carros usados, muito inferior ao de um carro zero Km. Acho vaga a solução de isentar carros novos, o correto seria criar um incentivo fiscal para que fosse possível tirar de circulação os carros com mais de 15 ou 20 anos.
    *Sem considerar que o correto, mesmo, seria investir em meios de transporte publico.

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    1. De fato, seria melhor que fosse dessa maneira (tanto na parte do transporte público quanto na parte de tirar de circulação os carros mais velhos). Entretanto, essa ideia do IPVA é a medida mais simples que o governo pode tomar e, ainda que não totalmente efetiva, é algo que incentiva a população a manter a frota atualizada. Mesmo que não comprem um carro novo, podem, por exemplo, comprar um carro usado , mas que não seja tão velho, já que a desvalorização do automóvel é muito rápida. Claro, eu sou apenas um piá, ainda incapaz de conceber soluções concretas, mas pequenas atitudes costumam fazer uma certa melhoria, para que as transições não sejam bruscas.

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